sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Animal moribundo

Ler ficção não tem sido um hábito meu. Mas não desisto. Bom, às vezes desisto. Muitas vezes. Outras vezes, desisto e insisto. Outras, insisto e insisto. Outras, ainda, insisto, insisto e desisto.
Com o Dying Animal do Philip Roth, tentei, desisti, insisti e acabei (na foto acima, ainda estou a acabá-lo). Adorei, com excepção do final. Mas do que gostei, só me ocorre uma classificação: genial. E genial, para mim, é um adjectivo muito importante e que atribuo com parcimónia.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Homem com turbante

Just to compare to another man in a turban: Abdel.
Same party, a long time ago, George & Charlie (at Charlie's).

Retrato do artista enquanto jovem


Não. Não é uma homenagem ao Joyce, mas sim 'to my friends George & Charles (the last one is now an actor at the TV series "Lost"). Do you remember the party, don't you'?

A palavra de 5 letras

Com cinco letras apenas
se escreve esta palavra
É produto duma lavra
mas como ela há centenas

(Uma quadra medíocre, em homenagem a um dicionário de rimas on-line e ao meu avô paterno que tanto gostava da palavra "trampa" e uma oportunidade de recuperar um antigo desenho meu, no qual tropecei).

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Changer sa vie

Uma (?) boa cerveja fresca, tremoços, amendoins, o mar, o calor do sol na pele, a música no ipod e a leitura do número especial da revista Sciences Humaines sobre mudar de vida, pode ser o início de uns dias (e noites) conturbados... Obrigado, agora estou melhor!

Para além doutras memórias resta o caso Murakami : "Haruki Murakami s’occupait d’un petit club de jazz, il est devenu écrivain professionnel". Uma das várias mudanças analisadas nesta revista. A ler.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Uma pequena cócega


No aeroporto do Luxemburgo: um cartaz publicitário a fazer uma leve e pesada cócega no ego. Ser pequeno é ser belo. Pode-se ser competente e pequeno, simultaneamente. E competente e belo? E tudo isso, para quê?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Compassion

One of the reasons you have compassion is that impermanence is so obvious, yet they (people) just don't see it.

Khyentse, D.J. (2008). What Makes You not a Buddhist

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Blog re-re-re-nascido

Dedico o re-re-re-nascimento deste blog a quem teve a "pachorra" de no dia 24 de Maio de 2009, fazer umas 40 e tal "page views" do mesmo. Pode ser que tenha sido um "bot", mas fica aqui na mesma este brinde: à tua saúde, personagem desconhecida (?).

Se há coisa que eu deteste nos blogs, são grandes transcrições. Não resisto no entanto a fazer agora uma, de um livro que comecei a ler: Christophe André, Imperfeitos, Livres e Felizes - práticas de auto-estima.

"A auto-estima é mostrar-me capaz de :

  1. Dizer o que penso;
  2. Fazer o que quero;
  3. Insistir quando se me depara uma dificuldade;
  4. Não ter vergonha de renunciar;
  5. Não me deixar enganar pelas modas nem pela publicidade, que querem convencer-me de que só posso ser alguém se usar esta ou aquela marca ou se pensar desta ou daquela maneira;
  6. Rir despreocupadamente se troçarem um pouco de mim;
  7. Saber que sou capaz de sobreviver aos meus fracassos;
  8. Atrever-me a dizer "não" ou "acabou-se";
  9. Atrever-me a dizer "não sei";
  10. Seguir o meu caminho, mesmo sozinho;
  11. Dar a mim mesmo o direito de ser feliz;
  12. Sentir-me digno de ser amado;
  13. Suportar não ser amado, mesmo que isso me deixe momentaneamente infeliz;
  14. Sentir-me tranquilo comigo mesmo;
  15. Dizer "tenho medo" ou "sinto-me infeliz" sem me sentir rebaixado;
  16. Amar os outros sem os sufocar e sem os vigiar ou perseguir com desconfianças;
  17. Esforçar-me por conseguir o que desejo, mas sem me pressionar exageradamente;
  18. Conceder a mim mesmo o direito de desapontar ou de falhar;
  19. Pedir ajuda sem me sentir inferiorizado;
  20. Não me rebaixar nem fazer mal a ninguém quando me sinto descontente comigo mesmo;
  21. Não ter inveja do sucesso nem da felicidade dos outros;
  22. Saber que posso sobreviver aos meus infortúnios;
  23. Dar a mim mesmo o direito de mudar de opinião depois de reflectir;
  24. Ser capaz de rir de mim mesmo;
  25. Dizer o que tenho a dizer, mesmo que me custe;
  26. Aprender comos meus erros;
  27. Mostrar-me em fato de banho, embora o meu corpo não seja perfeito;
  28. Sentir-me em paz com as feridas do meu passado;
  29. Não ter medo do futuro;
  30. Achar que sou uma pessoa de bem, com as minhas qualidades e os meus defeitos;
  31. Sentir que faço progressos e que aprendo com a minha vida;
  32. Aceitar-me como sou no dia de hoje, sem por isso renunciar a mudar no dia de amanhã;
  33. E, por fim, conseguir pensar noutras coisas para além de mim mesmo."

Tem piada, desconhecia este autor, o qual deve ser sobejamente conhecido e tinha começado há dias a ler um livro dele mais recente (na versão original em francês) sobre os "Estados da alma": aquilo que fica a ressoar em nós após os acontecimentos.

Para quem for alérgico aos livros de auto-ajuda (tão na moda, agora), acabou de sair um livro de ficção chamado Felicidade. Não tenho nada contra quem é contra :-)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Hora e meia antes

Podia ser na linha da Póvoa, no comboio, ou na camioneta para a pequena cidade. O avô estava sempre nas estações ou paragens hora e meia antes. E esperava, esperava... e nunca perdia o transporte. O neto ia com ele. E esperava, esperava.... e também nunca perdia o transporte. Aprendeu com o avô.

Uns anos mais tarde, quando o avô já não é avô e o neto podia ser avô, o mundo mudou. Já não há tempo para estar à espera hora e meia antes, mas a ansiedade instalou-se no interior de si. O medo de perder o comboio ou a camioneta tomou o lugar da espera calma. Os telemóveis tocam, há mil e uma coisas para fazer e a cabeça começa a rodar em espiral até que o rabo esteja bem dentro da cápsula de transporte. Ufa! Paz! Segurança!

Bom, a ansiedade não justifica partir no carro e deixar o bebé no tejadilho. E o pai que agora chora o bebé, gostava e gosta muito dele. Aprender a controlar a ansiedade pode durar a escola da vida e o bebé infelizmente não pôde esperar o tempo suficiente. Paciência. O pai vai ter de aprender a chorar esse erro fatal, esse revelador "claríssimo" de que foi um mau pai, de que não amava suficientemente o filho, de tal forma que se esqueceu dele no cimo da viatura, ou que o deixou ficar sozinho em casa, como no bem-conhecido filme. Haverá eventualmente outros filhos para esquecer...ou não. Ou não haverá mais esquecimentos, ou ansiedades...ou não.

No coração do pai instalou-se uma surda revolta, contra si e contra o mundo, um sentimento de injustiça porque amava de facto o filho e ainda hoje, não podendo mais falar com ele, assalta-lhe a dúvida de saber como é que o amor é compatível com esse esquecimento fatal. E uma sombra de morte alaga a sua alma.