segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Se o papá fosse vivo

...faria hoje 88 anos.
Este é o papá que enganava o menino com a colher de sopa. É mais novo do que o papá que colocava os problemas sobre o tempo que demorava uma torneira a encher um depósito de x litros. Ou que lia a história da raposa e me falava do escritor que era tão bom que até inventava palavras que não existiam. Ou que dizia que o Danúbio Azul era melhor do que as músicas dos Beatles porque seria eterna. Ou que me atormentava a cantar: se um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais, se dois elefantes...
Este 'pai de Mozart' que levou o Feijão a tocar de forma sempre perfeita e nunca perfeita, o cravo da vida. Como eu não gostaria de ter sido também o pai de Mozart! E, no entanto, como lhe dei a minha alma e como ele ainda vive dentro de mim, eu, esmorecido e dolente, zangado com uma vida que deixei passar ao lado. Copos e humor: essa mistura fatal para quem pendurou alguma vez a vontade no cabide da vida.

2 comentários:

Jorge Aragão disse...

Qua saudades que eu tenho deste senhor, um segundo Papá para mim, uma figura que vou recordar sempre com muito carinho.

Feijão disse...

Caro amigo, devolvo-te a memória e o carinho por um outro Papá que tu bem conheces, do qual recordo neste momento uma remota ida a uma marisqueira, no tempo em que isso não era tão comum assim. Bons tempos!